sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Jovem estuda pouco e trabalha muito

Preocupa a situação do jovem na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Baixa qualificação, extensa jornada de trabalho e baixa remuneração. O perfil é do estudo do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT).



Era selecionador de castanha em uma cooperativa. Elson Lima, 19, passou a ser contínuo, seu primeiro emprego com carteira assinada, há oito meses. Tem ensino fundamental completo. Já trabalhou e estudou ao mesmo tempo. Elson compõe o cenário socioeconômico dos jovens da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).

Entre a população de 15 a 24 anos com trabalho de carteira assinada, 71,2% possuem ensino médio; 16,8% estão no ensino fundamental e somente 11,8% cursam ou possuem ensino superior. A média da jornada de trabalho entre os jovens é de 41 horas semanais, só quatro horas a menos que a faixa de 39 a 59 anos de idade – adultos.

A conclusão é de que o jovem estuda pouco e trabalha muito, conforme o estudo População e Mercado de Trabalho – Olhares sobre a Região Metropolitana de Fortaleza divulgado, ontem, pelo Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT). A base dos dados é de 2009.

O número de jovens na RMF é de 728 mil, atrás apenas dos adultos, com 757 mil pessoas. Para o coordenador de Análise de Estudos e Análise de Mercado do IDT, Erle Mesquista, apesar da escolaridade ter crescido, as pessoas estão parando no ensino fundamental.

“O abandono escolar é uma realidade. Cerca de 55% dos jovens estão fora da sala de aula. Boa parte dos jovens ainda consideram que o ensino médio é a grande meta, quando sabemos que há a necessidade de uma escolarização maior e um ensino continuado”, ressalta.

Mesquita afirma que os grandes prejudicados são os mais pobres. “A grande dificuldade dos jovens, principalmente os mais pobres, é que, ao ingressar no mercado de trabalho, é uma oportunidade mais fraca. Há uma série de decorrências que dificultam sua permanência. Enquanto aquele de classe média entra em um cargo de engenheiro, o mais pobre, em tese, pela escolaridade, terá um cargo de servente de pedreiro”, compara.

Bons no exterior
Em função dos baixos salários no Brasil, o jovem de melhor qualificação busca um posicionamento no mercado de trabalho em outros países, evasão considerada preocupante por Júnior Macambira, diretor de Estudos e Pesquisas do IDT. São cerca de 100 mil a 120 jovens que vão trabalhar no exterior por ano, afirma.

E agora

ENTENDA A NOTÍCIA
A população da RMF entre 15 e 24 anos trabalha muito e estuda pouco. A consequência disso são jovens desqualificados e baixos salários. As políticas públicas direcionadas aos jovens não estão sendo suficientes.

CICLO DA POBREZA
''A pobreza sustenta a pobreza”, analisou analista de Mercado de Trabalho do IDT, Mardônio Costa. Jovens mais pobres, em geral, são induzidos a entrar cedo no mercado de trabalho e deixarem seus estudos em função da sobrevivência.

Trabalho
55% dos jovens estão fora dos bancos escolares, O mercado exige nível médio em geral e os empregos estão precarizados.
A pesquisa mostra que metade dos jovens pertencem a famílias mais pobres e não podem elevar sua escolaridade para ter bons empregos e sair da pobreza. (AJ)

Fonte: O POVO ONLINE
Notícia disponível em:
http://www.opovo.com.br/app/opovo/economia/2010/11/11/noticiaeconomiajornal,2062895/jovem-estuda-pouco-e-trabalha-muito.shtml

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